quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Meu amigo oceânico


Conversando com o Arthur ele revela:


-- Sabe... eu queria morar naquela parte escura do mar. Lá no fundo. Bem fundo! Aquela parte onde só tem peixe cego.
-- Os reinos abissais ou algo parecido?
-- É! Eu queria ter uma casa toda de vidro, toda iluminada. Em tudo preto e lá no fundo um ponto luminoso. Seria a minha casa! Já pensou? Eu veria os peixes passarem do lado de fora!
-- Ah, tá. É como se você tivesse um grande aquário do lado de fora. Porém os peixes não iriam te ver. São cegos.
-- Não. Eu é quem estaria no aquário! Pensa bem, quando um peixe está num aquário é porque ele está isolado em um ambiente que não é o dele. Então eu também estaria num aquário se morasse dentro de um vidro no fundo do mar e... Epa!
-- Que foi?
-- E se uma baleia batesse na minha casa?
-- E tem baleias nas zonas abissais?
-- Sei lá! Mas se ela batesse na minha casa? Ia quebrar! A água ia entrar e eu ia morrer!
-- Verdade! E agora?
-- Hum... eu ia morar numa casa de vidro, iluminada, no fundo do mar, com cerca elétrica.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Carta Solar

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Ia mandar uma carta pro Sol
No dia do Equinócio
Mas minha rotina de ócio
Impediu-me de enviar

Eu comprei até o selo
Escrevi com muito zelo
Mas o endereço do astro
Me esqueci de botar

Vou pedir pro astronauta
Que quando estiver no espaço
Entregue os meus abraços
E minha carta solar

E que leia em voz alta
Meus dizeres, meus versos
Para que todo o Universo
Se alegre com esse cantar

Minha varanda fica pro Norte
Somente com muita sorte
Verei essa gema distante
Brilhar com grande excelência

Se fosse virada pro Leste
Veria o corpo celeste
O Sol que é meu novo
Amigo por correspondência

Cora Rufino (01/12/2009)
Uma homenagem aos alunos de Conforto Ambiental I do curso de Arquitetura, que penam para entender como funciona a maldita Carta Solar!! 








quinta-feira, 5 de novembro de 2009

QUE ORAÇÃO?


-- Senhoras!!!
-- Sim, oras!
-- Têm horas?
-- Sem horas...
-- 100 horas???
-- "Sem", oras! 


Cora Rufino (Julho de 2005)


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Melhor que chupar balões

Quando eu era adolescente imaginava que aos 23 eu seria adulta, cineasta, e estaria morando no Rio de Janeiro.

No último dia 08, lá estava eu: fazendo 23.
A idade de Leonardo DiCaprio em Titanic. E eu achava ele tão velho, tão lindo, no auge...

Na aula de THAUP (Teoria e História) ninguém cantou parabéns. Não faz mal. Depois daquilo só precisaria matar o tempo até dar a hora de ir pro Inglês fazer a prova.
A professora me chama numa sala, diz que eu estou atrasada em Desenho Técnico. Disse na frente dos calouros. Eu fiquei com raiva, falei que era meu aniversário. Saí da sala chateada, Monic barrava a minha passagem, fiquei presa entre ela e a professora. Que saco, eu ainda tinha a prova de Inglês...
Me puxaram pelo braço, me arrastaram para outra sala, eu não queria ir, mas eu não sabia o que tava acontecendo e aí...



E aos 23 descobri que prancheta e camisinha têm outras utilidades.

Obrigada, meu povo!

Bonus Track
Eu conversando com Samuel:
- Deveria ter uns "balões" de uva e menta para...
- Pra quê? Você ia chupar os balões?? - disse a professora se metendo na conversa alheia
- Não, professora, eu ia dizer que era pra ficar colorido.
- Ah, tá... menos mal.

Ai... nem os professores estão isentos de falar bobagem em festa.

Mas só para não esquecer, aí vai um poeminha quase-cômido que fiz no meu aniversário de 18, em 2004.

Parabéns

Alguém comemora hoje
É o meu aniversário
Uma festa até alegre...
Muito pelo contrário

Nunca vi tanta alegria
Todos num lugar só
E quem vem falar comigo
É minha querida vovó

É a hora tão chegada
Quando todos vão cantar
Se eu não me sinto bem
Eu posso ao menos chorar? 

Preciso fechar os olhos
E qualquer coisa pedir
Sei que daqui a um ano
Essa tortura vai repetir 


Abro os olhos, pego o bolo
Taco na cara da vovó
Esta bate na parede
E cai no chão sem dó


Mamãe espantada pergunta:
"O que fizeste com a vozinha?"
E eu paciente respondo:
"Não era para apagar a velhinha?"


  Cora Rufino

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Gracias a Mercedes

Que indelicadeza a minha...
Enquanto eu postava, Mercedes Sosa morria.

Primeiro no vinil de mamãe com o clássico "volver a los 17".
Depois na aula de espanhol do ensino médio com "duerme negrito", que usei como trilha sonora do meu curta esse ano.

Mas foi com "gracias a la vida" que Mercedes me pegou de jeito.
Não lembro de ter ficado comovida assim com a morte de nenhum outro cantor.
A única homenagem póstuma que me ocorre fazer agora, é traduzir a letra da música que ela cantava.


Graças à Vida


Graças à vida que me deu tanto

Me deu dois olhos que quando os abro

Distingo perfeitamente o preto do branco

E no alto céu, o seu fundo estrelado

E nas multidões, o homem que eu amo


Graças à vida que me deu tanto

Me deu o ouvido que em toda a sua largura

Grava noite e dia grilos e canários

Martelos, turbinas, latidos, aguaceiros

E a voz tão terna de meu bem amado


Graças à vida que me deu tanto

Me deu o som e o abecedário

Com ele, as palavras que penso e declaro

Mãe, amigo, irmão

E luz iluminando a rota da alma do que estou amando


Graças à vida que me deu tanto

Me deu a marcha de meus pés cansados

Com eles andei cidades e pântanos

Praias e desertos, montanhas e planícies

E a casa tua, tua rua e teu pátio


Graças à vida que me deu tanto

Me deu o coração que agita seu marco

Quando vejo o fruto do cérebro humano

Quando vejo o bom tão longe do mau

Quando vejo o fundo de seus olhos claros


Graças à vida que me deu tanto

Me deu o riso e me deu o pranto

Assim eu distingo alegria de tristeza

Os dois materiais que formam meu canto

E o canto de vocês que é o mesmo canto

E o canto de todos que é meu próprio canto

domingo, 4 de outubro de 2009

Brincando de fumar caneta

Acordei com um friozinho incomum. Me cobri o melhor que pude, e achava estranho não ter o habitual Sol na minha cara, obrigando a me mexer na cama.
Percebi na janela um branco opaco. Passei a mão no vidro e o embaçado se desfez mostrando uma Boa Vista esbranquiçada do lado de fora!
- É neve! - gritei
Eu não podia acreditar. Finalmente os efeitos do Aquecimento Global e outras questões ambientais estavam trazendo algo de bom à cidade!
Eu sabia que aquele frio não era normal!
Pulei da cama e, busquei no guarda-roupa todas aquelas roupas de frio com cheiro de mofo. Encontrei umas luvas, que mamãe tinha comprado no Paraguai, e terminei de me agasalhar.

Lá fora, na rua, os vizinhos estavam olhando pra cima, abismados com o fenômeno. As crianças, como se fosse comum, atiravam bolas de neve umas nas outras, faziam castelinho(?) como se estivessem na praia!
Para mim estava ótimo!
Fui caminhando até a Orla, ver se estava assim por lá. Levei meu caderninho para anotar possíveis acontecimentos insólitos. As poças d'água estavam congeladas ao longo do caminho mas, na Orla, o rio continuava correndo normalmente.

Uma brisa fortíssima passou por mim, percebi que o frio também poderia ser incômodo.
Saía fumacinha da minha boca quando eu respirava, por isso eu brincava de fumar minha caneta.

Mas não!
Não nevava lá fora!
Não fazia frio em Boa Vista.
Acordei com a cara queimada pelo Sol!
Só faltei ficar pelada na cama, suando que nem uma porca!

Era mais um dia de verão em Boa Vista.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O lado bom da eremitagem.

Até que tive uma infância meio solitária.
Não achei ruim não, pelo contrário.
Fui filha única boa parte da vida (até os 18 anos). Sempre morei com minha mãe, que sempre trabalhou fora. Nunca morei com meu pai, e nunca entendi direito no que ele trabalhava, só sei que a gente tinha o costume de gastar muito dinheiro na banca com gibis.

Sempre fui e voltei da escola sozinha. Na primeira série, aos sete anos, esqueceram de me buscar na escola, daí eu voltei para casa a pé. Foi quando descobriram o que eu era capaz de fazer e nunca mais foram me buscar na escola.
Então, quando voltava de lá, tinha a casa inteira para mim.
Para mim e minha imaginação.
Fui criada pela TV, pelos quadrinhos, pelas minhas historinhas (que eu escrevia ou desenhava), enfim, pelas minhas idéias.


Mas não foi bem assim que eu comeccei a desenhar, por exemplo.
Eu aprendi a desenhar nas beiradas das folhas dos cadernos, durante as aulas. Mais especificamente na aula de história da professora Gerusa, na 5ª série. E ela achava lindo no começo.
O problema é que eu nunca prestei atenção às aulas dela. E o os desenhinhos que eram feitos nas bordinhas do caderno, tomaram lugar na página inteira, onde era para eu estar copiando as tarefas.
Fui mandada à diretoria pela mesma mulher que outrora havia elogiado meus traços (finalmente consegui usar a palavra outrora).

Lá na diretoria encontrei outros delinqüentes como eu. Estavam lá por vários motivos, como brigar em sala ou falar palavrão. A inspetora Lúcia disse que quando viu o meu caderno ficou pasma (foi a primeira vez que ouvi aquela palavra e ela ficou na minha cabeça até a hora de eu chegar em casa e procurá-la no dicionário).

Tia Gerusa disse na sala, depois, que se eu continuasse daquele jeito seria uma vagal. Fiquei surpresa mas não achei nada demais. Porém Cícero, o repetente, me defendeu na frente de todo mundo.
Eu sempre fui amiga dos repetentes, dos galerosos e dos baderneiros. Naquele dia vi que andar com más companhias tinha lá suas vantagens.

Isso tudo aconteceu quando eu tinha 11 anos. E foi aos 13 que eu decidi parar de desenhar, pois isso me trazia mais apuros do que felicidade.


Estatística: Aproximadamente 95% dos meus desenhos foram feitos em folhas de caderno. Simplesmente não presto atenção às aulas até hoje.
Viu, tia Gerusa? Não era nada pessoal



sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Noites em claro...

Esse é o título do curta que inscrevi no Festival do Minuto em comemoração dos 20 anos de UFRR.
Não ganhei nada, só experiência. Mas dizem que o importante é competir, né?

Vídeo simples, critiquinha embutida do tipo "quem entender entendeu", obviamente não fiz almejando o primeiro lugar, que aliás, foi dado à Gabriely (aquela da piada do Paraguai) junto a sua equipe.

E olha só, de toooooda a comunidade acadêmica, apenas 8 vídeos concorreram (incluindo o da Adahra com Lucas Veloso e o do Francisco com Baronso).

Enfim, aqui está meu video-minuto, sem créditos, porque no edital falava que não podia.




Tive a ideia para esse filme ouvindo All You Want, da cantora Dido. Fiz as filmagens pensando nessa música, mas quando cheguei em casa mamãe estava ouvindo Mercedes Sosa.
Mudei na hora.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

GUNNM

A minha leitura de férias foi um mangá antigo.
Nada de livros, nada de filmes...

E como eu havia comprado um CD de uma banda chamada Violins, colocava-o para tocar sempre que ia ler. Agora toda vez que lembro do mangá lembro da banda e quando ouço a banda lembro do mangá (aos 13 anos isso aconteceu com Harry Potter e Westlife, mas como ainda se fala em Harry Potter por aí, o Westlife me vem à mente).

GUNNM - escrito por Yukito Kishiro, ficou conhecido nos Estados Unidos como Battle Angel Alita foi lançado em 1990, se não me engano. O ano de nascimento de muitos colegas da minha classe.
Gênero Cyberpunk, com ciborgues, futuro pós-apocalíptico, ou seja, tudo o que eu adoro e não encontro facilmente (os RPGistas da cidade só querem saber de Elfos e Centauros numa época em que nem havia pólvora, mas eu prefiro a era das armas à laser. Agradeço ao meu pai, que me apresentou ao Akira).
Não que vocês queiram saber disso tudo.





A personagem Gally,
na
Cidade da Sucata
(oriunda do lixo cibernético
da cidade aérea de Zalem)


E nessa volta às aulas, mudei o cabeçalho do blog para ficar a lembrança de quando eu tinha tempo de sobra para ler a besteira que quisesse.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Carona Santa

Atrasada como sempre, saí de casa correndo, em direção ao carro que estava na frente de casa.

Nesse exato momento cruza o meu caminho uma senhora. Trajando as roupas típicas das fiéis (uma saia, uma imagem de Nossa Senhora estampada na blusa, e uma sombrinha) ela perguntou enquanto eu abria a porta do carro:
- Vai para onde, minha filha?
- Estudar. – respondi preocupada com o ônibus do IFRR que iria partir sem mim.
A mulher ficou parada, olhando pra mim... arrisquei:
- Quer uma carona, senhora?
-Quero sim. Pode me deixar ali no terminal?

Quando a Dona Beata estava entrando no carro, imaginei que ela tivesse andado muito naquele Sol exigente. É a segunda pessoa essa semana que me vê saindo de casa e pede carona só para avançar algumas quadras (que nem aquele jogo de tabuleiro).
- A senhora vem de onde?- Perguntei curiosa
- Eu venho ali do Rock!
Quê?! Imagine minha cara de espanto ao descobrir que a senhorinha, além de religiosa, era também roqueira!
Só quando percebi que eram 2 da tarde, e provavelmente tinha nenhum Rock acontecendo por ali, caiu a minha ficha: meu mais recente vizinho é o bispo da cidade, o Dom Roque Paloschi, que mora na Prelazia (casarão antes abandonado onde eu costumava caçar calangos).

Mas é um vizinho muito do seu recluso esse bispo, pois nunca o vejo!
- Ah, o bispo mora aí não é?
- Ué, você não vai à missa, minha filha?
- Não.
- Pois saiba que isso é pecado mortal!
- É? - eu disse surpresa
- Sim. Pior do que roubar e matar!
- Sério?
- Sério. Pior que latrocínio e assassinato!
Me senti a escória da humanidade depois dessa revelação. E ela prosseguiu:
- Sua mãe vai à missa?
- Não.
- Pior ainda. Pois quando o filho não pode, a mãe tem que ir à missa rezar pelo filho. Pra ter uma vida plena tem que fazer tudo isso, se confessar com o padre...
- Afe, tô lascada então!
Ela riu (pelo menos isso).

Depois dela falar toda a programação das igrejas da cidade, parei o carro no terminal. E quando ela desceu do carro ainda perguntou:
- Mas pelo menos você fez batismo, primeira comunhão..?
- Fiz sim. Isso eu fiz! – enchi a boca pra falar
- Menos mal. – disse ela antes de ir embora.

A verdade é que eu menti para a mulher. Nunca fui batizada e muito menos tenho primeira comunhão. Mas se eu já ia para o inferno mesmo, mentir para a crente era bobagem diante da minha vida tomada pelo pecado.


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Falsos Surfistas


Muito... difícil fazer uma letra
Até pra uma canção clichê
Que rima tudo com “apê”
Que rima paixão e »

» coração
Canção de fundo de ônibus
De apresentação de slides
De carro de tele mensagem
Ou de campanha eleitoral!

Canção de falsos surfistas na praia
Cantando para a lua cheia
Rimando areia e sereia
E tudo vira um sucesso!


Cora Rufino
Só sei que virou música
E me fizeram recitá-la essa semana

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

"Yo soy Paraguayo!"



Mamãe voltou do Paraguai anteontem.
Disk tava tão frio lá, que ela ia assistir às aulas assim:


Legal agora tenho um esquimó para chamar de meu!


Falando nisso, agora uma piada para homenagear a Gabriely

O cara chega para o outro e diz:
- Yo soy paraguayo! Vim aqui para matar-te!
- Para quê?
- Paraguayo!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ele só queria ler

Começaram as aulas de Edificações. Como é o primeiro módulo, ninguém se conhece ainda.

No terceiro dia de aula, adentrou a sala uma coordenadora com uma mulher que gesticulava bastante.

Até entendermos que os gestos eram LIBRAS demorou um pouco, porque ainda não tínhamos nos dado conta de que havia um deficiente auditivo entre a gente.


O surdo dispensou a intérprete. Disse que não seria necessário, pois ele sabia ler lábios. A mulher gesticuladora nunca mais apareceu.


Só que é seguinte, temos quatro professores:

O primeiro não fala muito bem. Tem problemas de dicção assumidos que dificultam a compreensão até de quem tem a audição perfeita.

O segundo fala sorrindo sem mexer os lábios. Mas pelo menos fala alto (fator que é inútil para o nosso colega deficiente).

O terceiro só apresenta a aula no DataShow e, para isso, apaga todas as luzes deixando a sala completamente escura, possibilitando apenas ver o slide e ouvir o som de sua voz (como ninguém consegue escrever, de tão escuro que fica, que dirá ler lábios).



Na última aula, de Desenho Técnico, sentei do lado do deficiente auditivo. Como a professora não tem problemas de dicção e dá as aulas com as luzes acesas, imaginei que seria bom para o meu colega ao lado.

Porém, lá na metade da aula, quando tava todo mundo concentrado nos seus desenhos, o colega me cutuca e pergunta:

- O que é pra fazer?

Nessa hora eu me dou conta de que a gente passa a aula inteira de cabeça baixa, olhando para o papel e seguindo as instruções faladas da professora. Ou seja, ou você lê os lábios dela ou você olha para o papel .


Enfim... foi ele quem dispensou a intérprete.


terça-feira, 28 de julho de 2009

Arrumar é o começo


Aí acabou o semestre. E eu filosofei tanto sobre meus gostos…
Nunca foi tão chato desenhar!
Minha nossa! Só de pensar em acordar às quintas, pegar a pasta de papéis A3, os lápis, a borracha e ir para a faculdade desenhar à mão livre já me dava uma preguiça.
Diziam que eu e o Sergino éramos os melhores da sala e tal. E dos que estavam lá, nós dois fazíamos nossos trabalhos sem muita reclamação ou preocupação com os erros.
Mas o excesso de confiança tem dessas coisas: na última semana do semestre lá estávamos nós. Eu e Sergino de recuperação justo na matéria de desenho livre.
Como?
É a velha história do “Ninguém vai me dizer o que fazer! Eu desenho como eu quiser!”
Mas grazadeus deu tudo certo no final.

E as maquetes?
Nunca. Mas nunca mesmo gostei de trabalhos manuais ou qualquer tipo de artesanato.
Nem quando fazer pulseira de miçangas era moda entre as garotas da minha idade.
Nunca quis aprender bordado ou crochê porque não tinha saco para as minúcias dos detalhes. Isso tudo precisava de concentração, organização e paciência, coisas que nunca tive.
Mas em relação às maquetes, consegui tirar boas notas nos trabalhos em grupo. E com a consciência tranqüila eu afirmo que fiz o melhor que pude junto aos meus colegas. Mas na maldita maquete individual...Que negação. Passei a madrugada fazendo aquele cômodo em miniatura. A professora reclamou que a minha maquete não tinha Highlight! Mas eu tinha tido um Insight e pensei em começar um Fight que durasse até a Night. Que critério de avaliação mais estúpido: highlight. Aprendi até a fazer a tal da decoupage para ser o papel de parede da suíte do casal. Ficou um lixo, óbvio...
Depois de receber a minha nota e saber que tinha passado, saí da sala com o quartinho de casal na escala 1:20 nos braços, como se fosse uma criança de colo, e a joguei no lixo do corredor. Não amava aquele filho deficiente (que crueldade a minha). Mas enjeitei mesmo a criança. Que se dane ela. Eu passei.

Esse foi o semestre em que tirei 10 na prova de Geometria Descritiva! O primeiro 10 que tiro na minha vida inteira, em uma matéria das exatas.

Dez em Geometria e prova final em desenho?
Nem eu me reconheço mais.

Em casa, vendo aquela ruma de papéis, colas, tesouras e réguas por todo o chão da casa, imaginei que parecia, forçando a imaginação, a bagunça de um pós-festa, onde depois da farra vem o sofrimento de arrumar a casa com ressaca. Limpar a sujeira alheia, jogar fora os cacos do vaso que aquele amigo sem noção quebrou e as baganas que seus amigos fumantes deixaram em sua casa sem cinzeiro.
Mas não. Não era a típica bagunça que sucede a festa. Era a arrumação de mais um período letivo findado, com aprovações em todas as matérias o que, afinal, era o sofrimento que precedia a bagunça e, arrumá-la era a própria festa.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Conversa Universitária

Cheguei à faculdade e vi aquela roda de gente discutindo com afinco sobre algum assunto. Um deles gritou:
- Mas foi muita sacanagem o que fizeram com ela!
Eu, curiosa, já entrei na muvuca perguntando:
- Quem foi sacaneado?
Responderam:
- A Babi!
- Quem é Babi? - Eu perguntei, achando que era alguém da Universidade.
- Você não assiste a Fazenda?
Então eu lembrei. A Fazenda é um reality show da Record, onde a produção pegou uma penca de “artistas” egocêntricos e exibicionistas, tiraram do ostracismo e jogaram em uma fazenda cenográfica, creio, para que eles tenham sua chance de aparecer na mídia de novo chutando o pau da barraca.
Mas como eu não assisto, não consegui acompanhar o rumo da prosa. Percebendo que todos tinham alguma participação na conversa menos eu, fui me retirando de fininho, triste, solitária e constatando:
- Meu Deus, como sou alienada!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Saying No!

No começo do Jogo Brasil x África do Sul o capitão Lúcio leu um discurso anti-racismo. Em seguida o capitão sul africano fez o mesmo discurso na língua inglesa. Antes de o jogo começar, ainda mostraram na TV vários cartazes com a frase “Say NO to racism”. Deixaram bem claro que esse era o lema da Copa das Confederações 2009.
Mesmo assim a gente, telespectador, presencia diálogos como:
- Minha nossa! Esse gramado está em péssimas condições!
- Ah, mas você tem que entender que eles são pobres, não têm condições de ajeitar o gramado!
Ou então, durante a aparição do jogador Booth:
- Olha! Um branco na seleção africana!
No fim o que interessa mesmo é a partida.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

CASAMENTO MEDIEVAL


Meus amigos Léo e Carol vão se casar em Dezembro na Igreja Matriz.
Acho que é o primeira vez que vou presenciar um casamento entre meus amigos.

Enfim.
Aí depois de ver o filme Encantada, o Léo quer por que quer uma roupa igual à do príncipe! E a Carol pra não ficar pra trás, disse que assistiu Para sempre Cinderella várias vezes e agora quer o vestido igual ao da Drew Berrymore.
Decidiram então por um casamento medieval-meio-renascentista...
Por isso agora os convidados também terão de ir caracterizados!

O VESTIDO CHINÊS

Nos idos anos 90, meu pai achou de dar para minha mãe um vestido chinês (que lembra muito os vestidos dos personagens de Para sempre Cinderella) e por ser extravagante demais para o Ocidente, nunca foi usado.
Exceto por mim, criança, na frente do espelho!

Sonhava em fazer meus 15 anos num estilo medieval SOMENTE para usar aquele vestido. Mas minha festa não foi medieval.
Então pensei que quando eu fosse me graduar em Artes Plásticas na UnB eu usaria aquele vestido. Nunca me graduei em coisa alguma.
Então pensei que no dia do meu casamento eu usaria aquele vestido. Hoje meus conceitos mudaram e não penso em casamento.

Aí Léo e Carol me surgem com essa história de casamento medieval!
Vocês não tão entendendo! Eu vou usar o vestido FINALMENTE!!!!!!!!!!!

FADA MADRINHA

Embora o casamento seja só em Dezembro, várias surpresas e empolgações surgem agora.
Uma delas:
Serei Madrinha do noivo!!

Gente, me amarrota, que eu tô passada!


Só quis compartilhar mesmo. :)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Sushiwoman


Quarta.
Noite do Sushi.
“Qual é a ocasião?” perguntaram. Nenhuma. Apenas comer sushi.

Quarta.
Noite da abertura de coração.
E eu tenho a bizarrice de chorar sempre que a conversa é séria. Não precisa ser triste, não precisa ser tensa, nada disso. Eu começo a conversar, se percebo que não existe a possibilidadade de fazer uma piada, eu choro
Seria uma obsessão pelo humor ou aversão à seriedade?


Caramba, se eu pudesse comeria sushi todas as noites!
Mentira, de vez em quando comeria pizza, para não enjoar.
E pizza de muçarela (assim com cedilha) e tomate! Bastante tomate!

Lembro da primeira vez que comi sushi. Foi em Brasília, no Nippon, com a Mercês!
Lembra, Mercês?
Ultimamente tenho pensado bastante em Brasília...
E nos sushis também.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Produção Introspectiva

Já reclamaram dessa minha mania. Sempre que eu estava desenhando ou pintando (sim, já banquei a pintora) pedia para que não ficassem em pé, do meu lado, observando minhas etapas de produção. Um hábito muito irritante. Antes de se retirar minha fazia algum comentário maldoso sobre eu estar prestes a fazer coisas indevidas longe dos olhos dela. O Vito já presenciou isso enquanto eu escrevia um post (assim que a gente se conheceu). Ele sentou-se atrás de mim e imediatamente parei de escrever. Travei.
Eu não tenho nenhum problema em escrever enquanto há pessoas perto de mim. Podem estar na mesma sala, ou quarto, ou Lan House, ou laboratório de informática contanto que não fiquem olhando para o meu monitor enquanto escrevo coisas minhas. Mesmo que depois de prontas elas se tornem públicas.

Talvez por isso eu tenha começado a fazer teatro. Para saber produzir em grupo. Pra saber ouvir opiniões e avaliá-las tendo a humildade de aceitá-las, se fossem pertinentes, ou de rejeitá-las sem ressentimentos.

E isso é importantíssimo para qualquer artista. Mas tem coisas que precisam de certa introspecção.

terça-feira, 24 de março de 2009

Baiana sacana!

Um dia fui à casa da Jaya e a irmã dela falou:
- Foi embora pra Bahia.

A desgraçada da baiana foi sem se despedir, alegando que não gosta de despedidas!
- Vim pra ficar - ela disse - vou morar aqui.
- Tudo bem, safada, minha vingança será maligna!

Em 2006, quando a turma toda foi comer o tal do caruru que a mãe dela tinha feito, fizemos uma sessão fotográfica para a posteridade.
Porém, a fotógrafa Kalyua em vez de tirar fotos filmou!
E fez uma sequência de filmes de 3 segundos que "grazadeus" serviram benzin para minha vingança de aniversário (Jaya fez 22 anos no último dia 19)
E para homenageá-la, o curta metragem "A turma da Jaya"



Brincadeiras a parte...
Feliz aniversário, baiana safada!
Saudades!
PS: O engraçado é a gente com cara de besta posando para as fotos. Bem, nunca fui filmogênica mesmo...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ah, qualé, todo mundo já fez poesia!

Todo mundo mesmo.
Todos já se meteram a besta e arriscaram escrever “pensamentos” em suas agendas. Quando não, lascavam o Soneto de Fidelidade na contracapa do caderno, em plena sétima série! Sem nem ao menos saber do que se tratava!
Ah, mas quem nunca escreveu versinhos sem pé nem cabeça e jurou que eram versos livres sobre seus sentimentos?
Quem nunca fez rimas infundadas somente para... rimar?
Você aí que está lendo! Lembrou agora? Mas agora vai lembrar.
Quem, eu disse, quem nunca fez um acróstico com o próprio nome e o nome da pessoa amada?

Como viverei
Oh, meu amado!
Rimando no Blog
A
gora afetado
E sempre serei
Mulher do marquês!
Um acróstico
Ridículo.
Inútil talvez
Lembre-se, amor
Ontem já passou.

Envolvida no mundo da poesia barata e no mar das rimas pobres (Afff...), resolvi por conta própria me assumir poeta de meia tigela.
É menos ridículo que se eu me levasse a sério.

Quando uma amiga me mostrou um poema de sua autoria intitulado “O Vento”, vi ali a oportunidade de liberar o meu lirismo (e por que não sarcasmo?).
Graças a “O Vento” de minha amiga, que falava sobre a sutileza das brisas, arranjei inspiração para criar minha obra-prima de mesmo nome, mas com a convenção das rimas e um final mais interessante.

Com vocês, o famoso poema:

O VENTO

Aquele vento que vem forte
Num estrondo violento
Pode ser tão rápido
Pode ser tão lento

Aquele vento que vem forte
Quando vem sem aviso
Pode causar espanto
Mas nunca causa um sorriso

Aquele vento que vem forte
Aquele que causa medo
É o vento da morte
Que se chama peido

Cora Rufino (sua trovadora)

Telefone para contato: zeroperadora onze...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

eu e o magistério

Minha prima pediu que eu a ajudasse com as tarefas de Inglês.
Mas nunca tive paciência para explicar as coisas. Nunca soube, na verdade.
Então fui.

Era começo da tarde, eu tinha acabado de almoçar, precisava só ajudá-la a responder questões de verbo To Be, nada de mais. Comecei:
- Vamos conjugar o verbo: I am, you are...
Vendo que ela não tava entendendo nada, resolvi reforçar a base: o português
- Nabirra, você se lembra como são conjugados os verbos?
Ela fez que não.
- Mas você sabe o que são verbos não é?
Ela fez que sim
- O que são verbos então?
Ela não fez nada.
- Me dê um exemplo de verbo.
E ela disse:
- Cadeira!

Percebi então que ser professor era um exercício de... sei lá o quê. Como ensinar inglês se a garota da sexta série não sabia o que era verbo?
Enquanto isso minha tia ria aos berros:
- Hahahaha! Eu cadeiro, tu cadeiras...
Mas também resolveu dar uma mão:
- São ações, como pegar, correr ou fenômenos da natureza como chover, ventar, nevar...
Eu perguntei:
- Nabirra, me dê um verbo que seja um fenômeno da natureza.
Ela respondeu:
- Pegar.
- Não, Nabirra! - disse a tia já P da vida - Ventar! Agora diga uma ação que as pessoas fazem.
Ela respondeu:
- Ventar!
- Não, Nabirra! As pessoas não ventam! - e tia falou - as pessoas peidam! Eu peido, tu peidas..
Depois daquilo decidi retomar a aula.

Quando saí de lá era noite. Fiquei feliz por ter passado a tarde inteira com minha prima e tê-la ajudado com a tarefa de Português.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Coraline e o Mundo Secreto


Ai, eu vi!
Eu vi o trailer de Coraline.
Agora o mundo vai saber o drama de pessoas que são chamadas de Carol porque as outras pessoas simplesmente SE RECUSAM a aceitar a existência de um nome similar.
É isso aí, Coraline! Torço por você!

Agora falando um pouco sério...
Tô com um medo dessa adaptação. Neil Gaiman viaja na maionese mas Coraline não é uma história infantil, e não gostaria de assistir ao filme dublado, com crianças gritando na sala de projeção.
Mas fazer o quê?


Mas o livro é tão bom...


PS: Hoje mesmo, no oftalmo, a secretária me chamou de Carol. Não que isso importe para vocês, mas é só para avisar que eu atendi ao chamado dela sem corrigi-la, porque estou planejando mudar meu nome aos poucos.
E dominar o mundo!
Na sexta série uma colega perguntou porque que eu não gostava de ser chamada de Carol, assim, como se eu estivesse errada.
Só sei que se eu chegar na fila da bilheteria e alguém falar:
-- Moça, vê duas meia pra CAroline!
Eu mato.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

MONSTER


Esse é o nome do animê que enrolei desde 2007 pra terminar de assistir. E eu finalmente consegui! Coloquei essa imagem temporariamente no cabeçalho do blog pra prestar uma homenagem ao que eu chamo de o animê dos animês!
E o Johan Liebert é o maior vilão de todos os tempos.

Obrigada Saschoscar por me apresentar a essa jóia japonesa e por ter me passado metade do total de episódios.
Obrigada Animeshade pela outra metade dos episódios.
Obrigada Naoki Urasawa por ter criado Monster.
Obrigada Gabriely porque... sei lá.
Obrigada mãe.
Obrigada pai.
Obrigada família.
Obrigada, Xuxa, por tudo.
Obrigada Ivete Sangallo por ter acenado pra mim no Foliavista de 2001

Bom Dia, Sol!!

sábado, 10 de janeiro de 2009

Romance secreto no café


Quando os primeiros raios de Sol de 2009 se misturaram com a última noite de 2008 (viu como posso falar poeticamente?), eu estava acordada, assistindo à 6ª temporada de Gilmore Girls que ganhei de Natal. Então terminou de amanhecer, e eu presenciei o exato momento em que o meu despertador começou a tocar (tocante...).

Eu e minha mãe fomos tomar um café fora, para comemorar o ano novo. Até porque tinha acabado o café em casa.
Achamos a feira Romeu Caldas aberta. Pedimos nossos cafés, e resolvi pedir uma rosquinha,além da costumeira tapioca.
Por quê?
Eu tinha planos para essa rosquinha.
Quando a rosquinha chegou, mamãe se surpreendeu com o tamanho dela.
— Grande, né? — exclamou.
— Sim. E eu gostaria de dividir com você. — disse eu, toda romântica, oferecendo a rosquinha para ela.
Com a maior naturalidade, mamãe pegou um guardanapo e ameaçou partir a rosquinha ao meio com as mãos.
— Ei! Ei! O que vai fazer? — perguntei
— Reparti-la, ué!
— Ah, não! Não gosto quando você faz isso!
— Isso o quê?
— Isso e torar as coisas ao meio! Se te ofereço um quibe você quer parti-lo ao meio. Se lhe ofereço um sorvete você faz a mesma coisa.
— Então como é que é pra fazer?
— Assim: eu mordo, você morde, eu mordo de novo e vamos mordendo até essa rosquinha acabar.
— Hehehe
— Que foi, mãe?
— As pessoas vão achar que nós somos maricas.
— Hã? Quem? Nós duas?
— Sim. Geralmente quem divide comida assim são namorados.
— Ichi! Nada a ver, mãe. Come aí.
— As pessoas estão olhando.
— Hehe, sei, a feira toda parou para nos olhar. Come aí!
— Eu não digo a feira toda, mas pelo menos uma pessoa eu vi que está me olhando.
— Claro. Essa pessoa sou eu, mãe! Agora come...
— Não! Não, eu...
— Poxa, mãe, só come a rosca!
— Sei não...
— Eu só tô pedindo pra você comê-la, e não “queimá-la” em público!
— Tá bom então.

E no resto do dia, me sobrou a opção dormir, que parecia ser a mais atrativa depois que mamãe comeu da minha rosca.
Não soube se foi o seriado ou a relação incestuosa que me deixou exausta, mas parece que perdi o primeiro do ano porque dormi.
Assim como aconteceu no show do Zeca Baleiro.

E pra não dizer que não estou fazendo nada nas férias, em vez de eu ler os três livros que nunca terminei de 2008, estou assistindo ao animê que nunca terminei de 2007.