terça-feira, 28 de julho de 2009

Arrumar é o começo


Aí acabou o semestre. E eu filosofei tanto sobre meus gostos…
Nunca foi tão chato desenhar!
Minha nossa! Só de pensar em acordar às quintas, pegar a pasta de papéis A3, os lápis, a borracha e ir para a faculdade desenhar à mão livre já me dava uma preguiça.
Diziam que eu e o Sergino éramos os melhores da sala e tal. E dos que estavam lá, nós dois fazíamos nossos trabalhos sem muita reclamação ou preocupação com os erros.
Mas o excesso de confiança tem dessas coisas: na última semana do semestre lá estávamos nós. Eu e Sergino de recuperação justo na matéria de desenho livre.
Como?
É a velha história do “Ninguém vai me dizer o que fazer! Eu desenho como eu quiser!”
Mas grazadeus deu tudo certo no final.

E as maquetes?
Nunca. Mas nunca mesmo gostei de trabalhos manuais ou qualquer tipo de artesanato.
Nem quando fazer pulseira de miçangas era moda entre as garotas da minha idade.
Nunca quis aprender bordado ou crochê porque não tinha saco para as minúcias dos detalhes. Isso tudo precisava de concentração, organização e paciência, coisas que nunca tive.
Mas em relação às maquetes, consegui tirar boas notas nos trabalhos em grupo. E com a consciência tranqüila eu afirmo que fiz o melhor que pude junto aos meus colegas. Mas na maldita maquete individual...Que negação. Passei a madrugada fazendo aquele cômodo em miniatura. A professora reclamou que a minha maquete não tinha Highlight! Mas eu tinha tido um Insight e pensei em começar um Fight que durasse até a Night. Que critério de avaliação mais estúpido: highlight. Aprendi até a fazer a tal da decoupage para ser o papel de parede da suíte do casal. Ficou um lixo, óbvio...
Depois de receber a minha nota e saber que tinha passado, saí da sala com o quartinho de casal na escala 1:20 nos braços, como se fosse uma criança de colo, e a joguei no lixo do corredor. Não amava aquele filho deficiente (que crueldade a minha). Mas enjeitei mesmo a criança. Que se dane ela. Eu passei.

Esse foi o semestre em que tirei 10 na prova de Geometria Descritiva! O primeiro 10 que tiro na minha vida inteira, em uma matéria das exatas.

Dez em Geometria e prova final em desenho?
Nem eu me reconheço mais.

Em casa, vendo aquela ruma de papéis, colas, tesouras e réguas por todo o chão da casa, imaginei que parecia, forçando a imaginação, a bagunça de um pós-festa, onde depois da farra vem o sofrimento de arrumar a casa com ressaca. Limpar a sujeira alheia, jogar fora os cacos do vaso que aquele amigo sem noção quebrou e as baganas que seus amigos fumantes deixaram em sua casa sem cinzeiro.
Mas não. Não era a típica bagunça que sucede a festa. Era a arrumação de mais um período letivo findado, com aprovações em todas as matérias o que, afinal, era o sofrimento que precedia a bagunça e, arrumá-la era a própria festa.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Conversa Universitária

Cheguei à faculdade e vi aquela roda de gente discutindo com afinco sobre algum assunto. Um deles gritou:
- Mas foi muita sacanagem o que fizeram com ela!
Eu, curiosa, já entrei na muvuca perguntando:
- Quem foi sacaneado?
Responderam:
- A Babi!
- Quem é Babi? - Eu perguntei, achando que era alguém da Universidade.
- Você não assiste a Fazenda?
Então eu lembrei. A Fazenda é um reality show da Record, onde a produção pegou uma penca de “artistas” egocêntricos e exibicionistas, tiraram do ostracismo e jogaram em uma fazenda cenográfica, creio, para que eles tenham sua chance de aparecer na mídia de novo chutando o pau da barraca.
Mas como eu não assisto, não consegui acompanhar o rumo da prosa. Percebendo que todos tinham alguma participação na conversa menos eu, fui me retirando de fininho, triste, solitária e constatando:
- Meu Deus, como sou alienada!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Saying No!

No começo do Jogo Brasil x África do Sul o capitão Lúcio leu um discurso anti-racismo. Em seguida o capitão sul africano fez o mesmo discurso na língua inglesa. Antes de o jogo começar, ainda mostraram na TV vários cartazes com a frase “Say NO to racism”. Deixaram bem claro que esse era o lema da Copa das Confederações 2009.
Mesmo assim a gente, telespectador, presencia diálogos como:
- Minha nossa! Esse gramado está em péssimas condições!
- Ah, mas você tem que entender que eles são pobres, não têm condições de ajeitar o gramado!
Ou então, durante a aparição do jogador Booth:
- Olha! Um branco na seleção africana!
No fim o que interessa mesmo é a partida.