sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Peixe Capilar

Esses cabelos são como um rio
Onde eu rio depois de mergulhar
Pois percebo o escafandro vazio
Virei um peixe capilar.


Já percorri várias águas doces
Me adentrei em raízes e brechas
Juro por Deus, nada é mais perigoso
Que um simples mergulho aqui nessas mechas


Me deixe imergir
Nos seus cachos profundos
É aqui onde quero morar


As ondas castanhas
da sua cabeça
São o meu verdadeiro habitat


Esses cabelos são como um rio
Virei um peixe Ca-pi-laar



Cora Rufino e Joana Emilly

***

Musiquinha que eu e minha prima estávamos fazendo uma vez, de madrugada, gravando no celular.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

aos malucos (e suas sandices)

Há mais ou menos um ano
Era Setembro.
E os Setembros sempre nos revelam algo (ou nos escondem).
E lá estava eu na minha vida roraimense, num final de semana qualquer, e me disseram:
- Ó, me deparei com essa informação: "inscrições abertas para o vestibular de artes cênicas"
- Ah... é? Hum... quem sabe um dia eu resolva tomar coragem... Tá quanto a inscrição?
- Noventa.
- Vixe, esquece! Além do mais é muito longe. Se eu tivesse pelo menos um conhecido lá. Deixa eu terminar minha faculdade de Arquitetura primeiro e aí quem sabe...enfim.
Um Setembro depois e cá estou eu, na cidade longínqua com os desconhecidos.

Meu pai ontem me falou que faltou à prova do concurso público. Disse que não queria ser professor e nem queria se isolar no interior.  Iria se dedicar à arte: pintar quadros e escrever poesias.
Eu, que sempre faltei às provas de concursos públicos, que pegava o dinheiro da inscrição - que minha mãe me dava - para comer sushi, me espantei. Pensei: "Que maluquice! Trocar a estabilidade financeira para correr atrás de algo tão incerto..." Mas minha tristeza não estava no ato dele, mas no meu ato ao pensar a exclamação "que maluquice".
Me lembrei de todo aquele "futuro brilhante pela frente" e tudo mais que eu larguei. E pensei ontem: "será que eu servi de inspiração para essa sandice?"

"Sandice"?

Não, não é sandice não. Eu o apoio, claro que apoio. Sei como é ruim fazer coisas que não se gosta, abandonar de hora em hora nossas fantasias. Ir todo dia para um trabalho ou um curso que você sente que não lhe acrescenta em nada. E você se sente idiota. Um vazio.
Mas, quando ele disse que gostava da minha independência, tive que falar:
- Minha independência só é possível por causa dos precatórios da mamãe. O dinheiro que eu tinha guardado só durou até Maio. Tempo suficiente para convencer ela e minha tia a me ajudarem.
E revelei minha preferência pela licenciatura agora.
- Vida de professor é uma vida árdua. - ele disse.
Eu queria mesmo era ser bacharel. Entrei aqui pensando nisso. Mas observando melhor... quer vida mais árdua que a de artista? E olhando meus colegas veteranos, que optaram por licenciatura e estão em cartaz com espetáculos, penso que uma coisa não exclui a outra, mas complementa.
Felicidade versus Dinheiro era algo mais claro antes. Hoje nem tanto. Mudei minha habilitação morrendo de medo de estar errando pela terceira vez. Pensei no dinheiro.

Sobre o isolamento: metade da minha sala veio do interior do Estado. Qualquer final de semana é motivo para viajar e rever a família. Não se está tão isolado assim...
Hoje em dia não existe isso.

Não penso mais sobre "maluquices" ou "sandices". Só quero que ele seja feliz... acho.
É Setembro ainda. É um mês de acontecimentos.
Só sei que eu vou querer um exemplar do seu livro de sonetos, Eli.
Continue!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Passatempo


Palavras cruzadas
Conversas atravessadas
Agora sei que não foi mais que um passatempo

Cacei palavras para dizer
E não consigo conceber
Os muito mais de sete erros desse intento

Cora Rufino



***


Da mesma série de "trava-língua" e "palavras cruzadas" que fiz uns anos atrás.

sábado, 17 de setembro de 2011

cara de cult

No Twitter:


@CoraRufino - Impressão minha ou o cachorro da vizinha se chama Rousseau?
@... - deve ser Russo, vc q é sofisticada demais.


Já não basta o passarinho do condomínio que pia "Dio come ti amo"


***


Tava chegando a conclusão que a pobreza nos torna cult: Para assistir um Planeta dos Macacos no Cinemark pago quase 10 reais a meia entrada. 
Uma mostra de filmes franceses tá R$2,50. E a maratona do Poderoso Chefão é de graça.





quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Dente

Na aula de improvisação vocal, Eneida me pergunta:
- Você já limpou seu dente?
- Por quê? Tá sujo?
- O quê tá sujo?
- Ué, o meu... o que foi que você perguntou?
- Se você vai para o Improcedente.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

há mais ou menos 30 dias

Um mês passou tão logo
E eu rogo para que agora
Eu lembre que a nova Cora
Transformou-se aquelas noites

Um pouco perdida,
No fim das contas
Um pouco bandida
Com o fim
E as contas

Hoje, o futuro
Daquelas vezes de coragem,
Reflito com o pensamento
De virgem
em desvantagem

Meus olhos iam nos outros
olhos
O coração em latidos
Um mês passou tão logo
E eu rogo... 
Nesse presente
Que daqui pra frente
A ousadia de novo
passeie comigo