O aborto masculino se dá da seguinte forma: o homem se
arruma, põe a melhor calça, pega o dinheiro que tem guardado e avisa:
-
vou ali comprar cigarro!
E nunca mais volta pra casa.
Houve um tempo em que o aborto masculino era proibido.
Primeiro a namorada (ou esposa, ou amante, ou affair) chegava anunciando que
estava grávida. A partir desse momento a vida do homem entrava em colapso.
-
Mas e meus planos? – ele dizia – com que
dinheiro vamos criar? – se questionava – Mas... mas...
-
“Mas” uma ova! – vinha o juiz lá na janela –
Deveria ter pensado nisso antes de fecundá-la!
-
A culpa é toda sua! Se tivesse segurado esse
pinto dentro da calça não tinha esse problema – dizia a própria mãe do moço.
-
Mas não há como voltar no tempo! O acidente já
aconteceu! - o homem dizia
-
Sinto muito - falava o patrão – mas ficar
pagando salário pra você tirar Licença Paternidade sem produzir está fora de
cogitação. É mais fácil lhe demitir.
-
Meu filho – dizia o padre – e olha que vc nem é
casado.
Diante de tanto julgamento, o homem se desesperava e bradava:
-
Vou ali na esquina comprar um cigarro!
-
NÃO!! – gritaram todos da sociedade – você NÃO vai
fugir da sua responsabilidade!
E acorrentaram o homem ao pé do berço. E olha que o feto nem
estava desenvolvido ainda. Mesmo assim o acorrentaram e se foram. Deixando o
homem pra trás.
De repente, apareceu alguém:
-
Psiu! – chamou o homem de branco na janela – eu
posso quebrar a sua corrente. Quer?
-
Quero! Nem sei quem é você! Mas se me ajudar
serei eternamente grato.
- Ajudar? Bem... na verdade minha “ajuda” custa em
torno de 4 mil reais. Tá a fim?
-
4 mil? Bem... eu tenho! Tava guardando para uma
coisa importante mas... com essa corrente tá impossível fazer qualquer coisa...
ok, pega aqui o dinheiro.
Então o homem de branco pegou um serrote e
começou a serrar o metal. Porém, por descuido, acabou serrando o pé do homem
junto.
-
Aaaai! O que você fez? Cortou meu pé fora!!
-
Não reclame! Pelo menos você está livre! Pode ir
comprar o seu cigarro!
E o homem livre saiu da casa. Mas como
estava sem um pé, teve que ir mancando até a tabacaria. Porém o sangramento não
parava e a cada pulinho de um pé só, saía mais e mais sangue. Até que o homem morreu, tentando atravessar a rua.
O homem de branco se foi, com dinheiro no
bolso e atrás de novas correntes pra serrar.
Foram tantas mortes, tantos homens
mutilados e tantos homens de branco enriquecendo às custas do desespero alheio
que resolveram dar um fim nisso.
Aboliram com as correntes. Deram aos homens
a liberdade de irem comprar os seus cigarros e, de lá, seguirem com suas vidas.
De maneira segura, sem julgamentos.