segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Aconteceu no dia 26 de Outubro

Um dia depois de eu escrever o post anterior.
Foi de repente.
“Abdômen agudo” ou algo assim. Coloquei uma compressa de gelo sobre a barriga, vi que a dor não passava. Fui ao hospital.
Exames. Exames. Mais exames.
- Parece que é apendicite – falou a médica – mas você não tem febre.
Chama o cirurgião
- Tá doendo aqui?
- Ai! Tá!
- E aqui?
- Ai! Não.
- Vai ter que operar
Prepara tudo
- Meu palpite é que seja um cisto no ovário – disse a doutora

Na mesa de cirurgia o médico pergunta:
- Dói aqui?
- Ai! Dói – “filho duma égua!”
- E aqui?
- Não
- A medicina é uma área interessante! Agora há pouco operamos uma garota com apendicite clássica!
“Talvez a minha seja moderna”
- Você estuda?
- Sim, faço arquitetura.
A anestesista com voz de dubladora já me preparava
- Você conhece o Kiko? – o cirurgião perguntou.
- Sim, estudo com ele.
- Ele tá fazendo uma planta para mim.

Depois disso só lembro de ter acordado no dia seguinte, com um rombo na barriga.
Mentira, era um rombinho. Se eu tivesse morrido minhas últimas palavras seriam “Sim, conheço o Kiko”.

Fiquei assustada, falaram que o palpite da médica tava certo, que havia um cisto “dêchi tamanho” no meu ovário direito, que tava inflamando o apêndice e não sei o quê...
Eu que não entendo patavina de medicina, acreditei.
Retiraram o apêndice e o meu lindo e precioso ovário.

“Fértil agora, só minha mente”, pensei.
Me deu uma vontade desesperada de ser mãe naquele momento.
E o Logan? E a Julieta (nome que darei aos meus filhos) e a Leona (nome que o Murilo dará à filha dele)
Oh, céus! Vou morrer velha, com 15 gatos pela casa (8 Logans, 5 Julietas e 2 Leonas)!
Oh, céus!
Oh, céus!
- Você ainda tem o outro ovário – disse o médico.
Ah é! São dois, né?
- Tem gente que vive normalmente com um testículo – ele comparou.

Hoje, uma cicatriz charmosa num buxinho sexy (Ainda que não seja, prefiro pensar assim).
- Agora que sobrou espaço na barriga, posso me mudar pra lá? – perguntou Silfo-Deus
- Não! Permaneça aí, na cabeça! Deixe a barriga para as borboletas.