segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O ano do Tigre


Meu tio tinha um livro nas mãos, ele falava sobre o horóscopo chinês para a sua amiga Lili. Nesse horóscopo, o seu “bicho” é determinado de acordo com o ano em que você nasce e 12 anos depois o ciclo do seu “bicho” recomeça.
O ano era 1998, eu assistia à cena da explicação do meu tio para a Lili, onde ele elucidava:
- Você nasceu no ano do Tigre. E veja só! Esse ano também é o ano do Tigre! É o seu ano Lili!
Lili ficou contente.  Completava, naquela época, 24 anos. Um múltiplo de doze que era a quantidade de anos que o Tigre demorava para aparecer em sua vida.
Hora de calcular o meu “bicho”no horóscopo. Deu Tigre também!
Lili era doze anos mais velha que eu, e essa história aconteceu há doze anos, e desde então não soube mais de Lili.

Em 2010 eu fiz 24, assim como Lili em 1998. Esse foi um ano do Tigre, e eu nem lembrava dessa história até meu tio me falar no meu aniversário. 
Nunca fui esotérica, mas gosto de ouvir as teorias. O que significa quando é o seu ano no horóscopo chinês?
Grandes acontecimentos.

Dois Mil e Dez... grandes acontecimentos principalmente na área artística:

MÚSICA
Comecei o ano vocalista de uma banda, fiz um show em Janeiro e outro em Fevereiro. Falecida Somero (que rima) deu início ao projeto Margarida Kamikaze com o Paulo, ex-baixista e a Lorena que toca guitarra e faz arquitetura comigo.
Nunca ensaiamos. Compúnhamos virtualmente: eu e o Paulo escrevíamos umas letras e mandávamos por email para os demais; Lorena e Paulo musicavam, gravavam no Audacity e enviavam por email. O baterista, Cleber, tava terminando a monografia e não conseguíamos nunca encontrar todo mundo. As vezes o Giovani, outro guitarrista, não dava sinal de vida. No fim todos éramos assim.

TEATRO
Final de fevereiro, junto com o fim da Somero surgiu a Companhia do Pé Torto. Um grupo de teatro formado por mim, Francisco, Baronso, Vito e meses depois Juliana e Sony. Desde que saí da Cia. Do Lavrado em 2008, nunca mais tinha exercido qualquer atividade teatral a não ser ministrar umas oficinas aqui outras ali. Quando me chamaram para uma banda, mesmo não sabendo cantar, imaginei uma peça onde eu interpretava uma cantora. Tem nada a ver uma coisa com a outra. O fato é que naquele dia de Fevereiro dissidentes de outros grupos de teatro fundavam a Cia. Do Pé torto, com o intuito de “caminhar diferente” dessa vez. Daí o nome. Criamos uma logomarca, tiramos o CNPJ e aprovamos um projeto de montagem de espetáculo na Funarte (Prêmio Myriam Muniz 2010) em Julho.

ARTES VISUAIS
Em Abril me convidaram para ilustrar um livro. Um absurdo visto que eu não tinha tempo nem para a faculdade e curso de Edificações além do trabalho. Mas aceitei, para ver no que ia dar, até pela oportunidade rara, até para saber do que eu era capaz. Descobri muito sobre mim ao ilustrar o livro Tudo ao seu tempo de Aléxia Linke, escritora com quem antes eu só falava quando encontrava em eventos culturais. Ela queria uma história em quadrinhos (o que deixa tudo mais trabalhoso ainda) pois era um livro que começava para crianças e terminava para adultos. Que ousadia! Muito interessante trabalhar inclusive como roteirista, adaptando a história, desenhando, esboçando. Para colorir e arte-finalizar chamei Ramayana, artista que conheci no curso de Edificações. Os outros contos e a capa foram feitos pelo talentosíssimo Renato Costa. Meses de trabalho, aprendi muito, muito mesmo sobre amizade e sobre equipe... Lançamos o livro em Novembro na Feira de Livros do Sesc-RR. O que me rendeu mais convites de escritores como Zanny Adairalba, João Urt e ainda ilustrei uma cartilha ecológica da monografia da Cris.

POESIA
Em Junho me inscrevi no concurso de poesias do SESI-RR, o Conpoesi, apenas pelo dinheiro (eu precisava pagar minha ia à Manaus para ver o Festival Internacional de Teatros de Objetos-FITO). Para a minha surpresa, minha poesia foi classificada, ganhou 2º lugar na categoria interpretação e 3º na categoria escrita. Trofeuzinho, cachezinho, saldei minha dívida e paguei a Lorena que fez fundo musical no violão.

AUDIOVISUAL
Em uma semana, junto a Gabriely e Baronso, um curtinha para concorrer ao festival do minuto da UFRR em Setembro. Não ganhou, mas foi o mais aplaudido (que eu me lembre. Será?).


Muito interessante o Tigre que passou em minha vida.
E depois de muito tempo sem notícias, reencontrei Lili no começo do mês, na casa de meu tio. Ela comunicava com alegria que vai morar em Brasília.
Imaginei: “E essa foi só a notícia de Dezembro. Se esse foi um ano do Tigre para ela também, imagine só os acontecimentos que culminaram para essa mudança de cidade.”

O que será de mim até o meu próximo ano do tigre?
Tenho doze anos para responder.
Até lá.