quarta-feira, 18 de maio de 2011

Dizendo xis

Normalmente não me acho fotogênica.
E não entendia por que, no meio do nada, alguém da turma resolvia puxar uma câmera e registrar aquele momento tão normal.
- Depois daqui vamos no lugar tal tirar umas fotos? – me chamavam
- A foto deve ser um acaso não o objetivo da saída! – eu dizia. E não aceitava.
Difícil achar uma foto minha tirada só por tirar. É preciso uma história por trás. E nessa de evitar ser fotografada sem motivo, percebo que quase não tenho fotos do meu tempo presente. Digo, fotos cotidianas. Mas de que servem as fotos?

Até mesmo quando fui às cachoeiras ano passado, com a turma da Arquitetura. Das mil fotos que foram tiradas eu aparecia em cinco.
- Onde você estava nesse momento? – perguntavam
- Tomando banho no rio! – e justificava – em vez de parar a cada dez passos para fotografar eu estava observando com meus próprios olhos o local onde estava.

Agora que mudei de cidade, tenho sentido falta de ter uma câmera fotográfica. Documentar justamente o que eu evitava contar: a vida cotidiana e mostrar meu rosto.
Então a professora pede que levemos para a próxima aula fotos nossas de quando éramos crianças.
- E para quem não tem fotos de infância aqui nessa cidade?
- Pode pegar de revistas.

Normalmente modelos infantis de revistas são fotogênicos. Mas artificiais.
Como eu era quando criança? Missão: conseguir minhas fotos de criança.
Murilo foi lá em casa, pegou as fotos, scaneou e me mandou por email.

- camaleão!

Olhando-me nas fotos, pela primeira vez observo minha infância com o olhar de adulta. Será que era assim que minha mãe me via? Pequena e frágil? E o meu pai? Olhava para mim e me via magrelinha e sapeca?
Nessa foto, tirada por meu pai, estávamos os três na casa de dele observando um iguana na árvore. Era uma das primeiras vezes que eu manuseava um binóculo.
Lembrei que nunca fomos uma família de comercial de margarina. Meus pais nunca foram casados, nunca moramos os três juntos. Mas haviam situações que induziam um ajuntamento nosso.
E nesse dia da foto, estávamos unidos por um lagarto.

Um dia na Praia Grande, a praia doce do rio Branco. Quintal de casa praticamente.


casa do meu tio Eliakin usando a saia da minha prima que fazia ballet

Fazendo do balão um beiço
 
Interessante que todos os objetos com os quais posei não eram meus. Talvez o balão furado.
De qualquer forma, mesmo forjando as futuras lembranças do passado, eu estava feliz.


6 comentários:

Régis Calixto disse...

BOm dia Coriiiiita.
Que legal essas tuas fotos.
Essa da praia grande era no tempo que era bem limpinha (a praia, rsrs). E tá parecendo foto do RIo de Janeiro, de 1964,kkkkk. Bjos e saudades.

lamazon disse...

adorei as fotos coralinda, parecem de um album tipo decada de setenta kkkk capturaram bem a criança que voce foi e que ainda vive no mesmo olhar. liga nao to com sono kkkkkkkkkkkkkkk saudades de tu.

Anônimo disse...

seu sorriso não mudou quase nada =)

ps: Gaby Tavares

Elimacuxi disse...

três insolentes viventes
ousavam momentos felizes
de ignorar cicatrizes
unidos por um lagarto
ressurge o grupo no milagre

o preço de existir
há quem pague.

Kalyua disse...

falar de fotografais é falar de mim rs! Desde muito pequena documento o que meus olhos veêm :P Minha mães tirava várias fotos minhas quando crinaça - talvez daí meu gosto - Fazia álbuns, sempre contando uma história - meu cotidiano de criança - Hj gosto mais de tirar fotos do que de ser fotografada. Concordo com você quando diz que prefere vivenciar o lugar do que parar e fazer pose pra uma foto. Por isso prefiro fotografar as pessoas despercebidamente.
Apropósito tenho várias fotos suas :p

B-jos coralina

Anônimo disse...

Só registrando uma dessas coisas do acaso: tô lendo o post e na tv passa uma mulher indignada, reclamando: "quanto é que vale a história da minha vida? não tem preço que pague!"