Um dia minha mãe chegou em casa falando que tinha
labirintite.
Eu achei lindo.
Adorava labirintos! Havia lido a história do Minotauro que
dentro de seu castelo-labirinto perseguia Teseu. Gostava da imagen que os labirintos faziam nas revistinhas
de passatempo. E os ratos brancos, então! Quando mostravam na TV os
cientistas colocando as cobaias nos labirintos de acrílico pra testar suas
capacidades, eu ficava admirada.
Então minha mãe chegou falando que tinha labirintite. O
diagnóstico era recente isso justificava suas tonturas. Eu imaginava mamãe
correndo pelos labirintos de sebe, rindo, perdendo-se, depois, desesperada e
feliz de novo por encontrar a saída.
Mas aí ela me explicou que o labirinto em questão ficava
dentro do ouvido. Fiquei me perguntando sobre o que será que entrava por ali e que
corria o risco de se perder desorientado dentro do ouvido de minha mãe.
Hoje, indo para o ensaio, durante a caminhada pela avenida
Amazonas eu vi a linha do horizonte se inclinar. Me vi parada no meio da
calçada, desequilibrada, esperando que o
“efeito” passasse. Sem saber ao certo constatei: acho que o fio de Ariadne está
escapulindo das minhas mãos.
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