quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

São coisinhas pequenas, no fim das contas:


Assistir a um filme de madrugada, ouvir música alta. Pegar o carro, quando bem entender e sair, sentindo o vento nos cabelos, improvisar um percurso, parar na casa de um amigo, levá-lo à praça... Alugar um filme depois, ou comer uma pizza.

Fugir das festas de parentes, ouvir reclamação de mãe, nenhuma de pai, descontar no namorado, fofocar com amigo-irmão...

Tomar um banho de rio, tomar um açaí, comer tapioca, COMER PEIXE! Ficar na varanda trocando segredos, ir aos shows dos artistas locais, ensaiar um espetáculo, apresentá-lo para amigos e parentes...

Repetir e reclamar que tem que sair da cidade, que tem que largar o curso, o namorado, que tem que conhecer gente nova, conhecer lugares...

Andar nua pela casa, varrê-la ao som dos CD’s que eu ouvia na adolescência no talo, desenhar nas paredes, escrever nas paredes, surpreender as pessoas...

Comer Pirulin, arepas, paçoca de carne, ouvir reggaetón a contragosto, ouvir technobrega a contragosto, dançar reggaetón e technobrega adorando, nas festas entre amigos...

Sair de casa sabendo que vai encontrar alguém conhecido, mas sem saber onde nem quem...

Leite, na madrugada, com um caderno e uma caneta preta enquanto ouve a televisão...

Jô Soares antes de dormir, Jornal Nacional antes de sair, livro paradidático no domingo a tarde...

Sítio da tia final de semana, praia final de semana, filme pseudo-cult final de semana, gibis final de semana, um quarto diferente do seu de final de semana...

Sushi...

Botar dez reais de gasolina, dirigir sozinha pela cidade ouvindo músicas no som defeituoso do carro. E nisso, fazer uma cruz, no mapa da cidade, dirigindo, chegando até os limites dela, e dizendo sozinha “aqui ela acaba” no limite norte, “aqui ela acaba” ao chegar na ponte, “aqui ela acaba” voltando da periferia pobre, “aqui ela acaba” olhando as mansões na beira do rio...

E aqui eu acabo

3 comentários:

Isabella Coutinho disse...

e aqui eu chorei.
ai Cora, sei exatamente como é se dividir entre a grande, imensa vontade de voltar e o grande desejo de ter uma vida diferente, uma vida que você olhe e diga: é a minha. De se saber útil porque você faz o que quer. Mas fazemos escolhas, e para qualquer delas, perderemos algo. Eu fiz a minha. E sou feliz. (?)
Bj

Paola disse...

Gostei muito Cora, quando a gente vive, a gente não percebe. Quando a gente olha de fora, dá nisso: uma suave homenagem ao nosso chão.
Beijos, sorte!

Jaya Magalhães disse...

Aí, você começa.