sábado, 24 de fevereiro de 2018

O mínimo, talvez


Depois de dias de sobriedade e dor... ou seja, após arrancar o siso inferior esquerdo, sofrer ainda, mesmo passada uma semana com as dores, não podendo beber ou fumar... eu, sóbria de drogas e inebriada vendo estrelhinhas... arrumo a casa na madrugada.


Descobri que uma tendência que eu já tinha tem nome: minimalismo.
Não sou organizada, caso tenha parecido que eu tenha dito isso. Eu, de vez em quando na vida, descarto. Primeiro o que eu achei que iria usar e não usei. Depois, o que eu “não amo”.
Esse conceito de descartar o que não se ama vi num livro de Marie Kondo e suas dicas de organização da casa. Uma viagem à japonesa. Quem pode amar coisas? E por que não?
É possível descartar pessoas?
Assim falando parece insensível, mas até que não.
“Destralhe” é o termo que aprendi com uma youtuber. É o ato ou o efeito de desentulhar a vida separando as tralhas que aprendemos a nos apegar. As tralhas que aprendemos a amar desnecessariamente. Austrálias.
Só quis rimar.
No minimalismo nos reeducamos para viver com o essencial. É uma forma de ver o mundo. Uma maneira de viver a vida. Parece bobo, mas é amar o que se merece.
Já reparou como passamos a vida buscando ter e ter e ter mais coisas? E sempre nos falta. Sempre.
No minimalismo, não é que nunca nos falte, mas...não se tratar de posses, se trata de amar.

Passei muitos anos sem proferir da minha boca que amasse alguém. Me ensinaram (a TV) que amar era para poucos ou, que amar era sagrado.
Não sou sacra. E em meus estudos em línguas latinas percebi que “amar” era dito como “eu te quero bem” ou, em espanhol “te quiero”.
Amar nada mais é que isso. Coisa simples. Nada demais. Passei a dizer que amo quando vi que era modesto.
E belo, que fique claro, por isso o profiro.

Aí vem as coisas e o minimalismo e o amor. Marie Kondo diz “isso me traz alegria?” ao olhar para um objeto. Se não te traz alguma felicidade desfaça-se dele.

Meu marido ridicularizou:
- Parece coisa tilelê idiota.

E de repente todo o conceito do essencial, do amar o que se tem, da contracultura ao mundo do capitalismo desenfreado e da organização da casa e da economia e da limpeza e da energia... tudo
Estilhaçou-se.
Lacrimejei.
Eu sou uma dona de casa fútil a seu ver. Que lê revista Hermes™ e pede aparatos plásticos para decoração.
Nada contra (só o minimalismo), mas não sou assim.
Após a sua partida ao bar, para fazer-se presente ao homem que ama, me deixou.
Reflexiva na rede questionei pensando nele:
- Isso me traz alegria?


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